quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MÍDIA

Antes da Rolling Stone e da Crawdaddy, não havia aquilo que podemos classificar como publicação direcionada ao rock. A única exposição em nível nacional que um artista poderia ambicionar era aparecer em revistas de orientação adolescente geralmente consumidas por garotinhas. Raramente poderia se falar sobre influências musicais, equipamentos, técnicas de gravação e coisas desse tipo. Ao invés disso, poderíamos aprender coisas como a cor favorita de Ronnie Magoo ou de como Jim Sohns gostava de se portar em um encontro. Até que são coisas simpáticas, mas esses caras não eram os tolinhos que essas revistas queriam fazer com que eles se parecessem.

Mas até que isso não era tão mau assim. Ainda havia um par de explosivas publicações locais. O The Beat, da KRLA, era o melhor lugar para se ler algo sobre a cena punk de Los Angeles. A estação logo publicaria edições em outras cidades. A lista musical de “sucessos” podia não ser a mais acurada – com incontáveis gravações punks entrando para o Top 40, mas isso era decididamente divertido, aí é que estava a graça do negócio. Se a The Beat falhava no quesito força crítica, pelo menos capturou o espírito da época de forma divertida. Em Boston, havia a New England Teen Scene, uma publicação que trazia grandes entrevistas pouco conhecidas como as que foram feitas com The Rockin’ Ramrods, The Lost, Flat Earth Society, e The Ones. A empresa de equipamentos Vox publicava um jornal/catálogo que não apenas promovia os seus instrumentos como também os grupos que os usava. Poderia não ser muita coisa, mas, tendo em conta de que todos, desde Beatles/Rolling Stones até Chocolate Watch Band/Seeds usavam instrumentos da marca Vox, havia, sim, muitas histórias interessantes para serem lidas.

A Hit Parader era a melhor revista de nível nacional dedicada ao punk de garagem, mas até mesmo essa publicação não entendia muito bem o que estava acontecendo. Seus corações e suas mentes estavam mais centrados na cena R&B inglesa e no folk-rock norteamericano (eles adoravam o Lovin’ Spoonful e a Jim Kweskin Jug Band). Uma banda que eles apoiavam era os Blues Magoos, mas eles desprezavam ? & The Mysteryans e The Count Five. Apesar disso, a Hit Parader foi uma grande publicação dos Anos 1960.

O rádio era realmente muito legal. As estações não estavam programadas para agir dentro de certas regras nebulosas, como aconteceria mais tarde. Os DJs, nessa época, eram livres para tocar o tipo de música no qual eles realmente acreditavam, sem coerção financeira nem imposições de gravadoras. Isso resultou em incontáveis sucessos regionais dos quais ninguém havia ouvido falar antes. Por exemplo, um sucesso como “Open Up Your Door”, da banda Richard & The Young Lions, poderia estar recebendo uma massiva execução radiofônica na região de North Jersey/Nova Iorque, mas poderia não ter tocado nenhuma vez nas rádios de uma região como a de Philly, por exemplo. Os DJs pareciam saber muito bem o que estavam fazendo, pareciam conhecer muito sobre o tipo de música que eles estavam tocando, o que tornava as coisas bem melhores. Encorajadas pelo sucesso regional, as estações de rádio AM eram os motivos primordiais pelo que podemos classificar como o período mais criativo do rock estadunidense. Quando a cena punk perdeu esse apoio, então tudo acabou, aquilo tudo encontrou o seu fim.

Mas a televisão também foi muito importante para o rock de garagem. Muito antes de qualquer pessoa sequer pensar em algo semelhante à MTV, os punks já haviam encontrado exposição nacional na telinha. Poucos dos punks pioneiros apareceram no Shindig e no Hullaballoo (dois programas que a MTV deveria ter a decência de reprisar). Depois disso, o apresentador Dick Clark tinha os seus dois campeões de audiência, American Bandstand (para os sucessos massivos de nível nacional) e o antológico Where The Action Is (que contava com Paul Revere & The Raiders como banda residente). Este último trazia inesquecíveis performances dos melhores roqueiros dos Anos 1960 – punks, bandas britânicas, folk-rock, soul etc. Era um programa verdadeiramente extraordinário. Mais tarde, Dick Clark daria a Paul Revere & The Raiders um programa de TV exclusivo, o Happening ’68, mas, apesar de algumas performances brilhantes e da transmissão de algumas “Battle Of The Bands”, o tempo foi passando e o programa foi aos poucos saindo do ar. Dick Clark possui a íntegra de todos os episódios de todos esses programas e já foi sondado para torna-los acessíveis via TV a cabo, VHS ou DVD. É um crime que todo esse acervo esteja encostado em alguma prateleira empoeirada.

Havia também um programa de TV baseado em Cleveland chamado Upbeat. Esse programa era um sonho dos entusiastas do rock de garagem que se tornava realidade, pois todas as melhores bandas se apresentaram aí. Muitos se lembram de apresentações de Shadows Of Knight, Magicians e The Choir. O programa era apresentado por Don Webster e não só os saudosistas adorariam rever tal programa.

Todas as cidades tinham os seus programas musicais televisivos locais, que, usualmente, apresentavam grandes nomes do cenário artístico nacional, assim como sucessos regionais. Alguns como Lloyd Thaxton’s, Jerry Blavat’s, Hy Hit’s e Clay Cole’s tiveram breve ligação com o sindicato.

Os filmes também usavam as bandas de garagem nas cenas de festa. Algumas das muitas bandas que podem ser vistas durante apresentações noturnas praianas são The Leaves, Beau Brummels, Standells, Seeds, Chocolate Watch Band, Barbarians etc. Imperdível também é o legendário filme Riot On Sunset Strip, que era baseado no Movimento Punk de Sunset Strip. The T.A.M.I. Show Movie (Teen Age Music Incorporated) também é outro grande filme.

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