quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A HISTÓRIA CONDENSADA DO PUNK SESSENTISTA


Quem inaugurou o Movimento Punk? Não se sabe se há uma resposta para essa inquietante questão. Um grupo como os Wailers já vinha alcançando um certo sucesso em 1959, e os Standells já estavam por perto, fazendo gravações, já no começo dos Anos 1960. Provavelmente o maior punk de todos os tempos seja Jerry Lee Lewis, que, até hoje, continua sendo um dos mais celebrados “bad boys” do rock and roll. Ainda que essas primeiras manifestações não constituíssem parte de uma cena consistente, elas simplesmente provam que um roqueiro de verdade é, no fundo da alma, um punk. O cenário punk em si não tomaria forma até que os Beatles, os Stones, os Animals, os Kinks e milhões de outros invadissem as praias estadunidenses. Depois da Invasão Britânica, cada cidade possuía dúzias de bandas de garagem. Havia cidades com apenas alguns poucos milhares de habitantes, mas que, mesmo assim, tinham pelo menos umas cinco ou seis bandas formadas por adolescentes explodindo de hormônios. Era assim em todos os lugares.

O punk de garagem norteamericano sobreviveu durante vários anos, mas o seu principal período de sucesso pode ser considerado o ano de 1966. Gravações rústicas encontravam abrigo em incontáveis estações de rádio e um grande número de singles lançados em compactos simples de 7 polegadas entravam para o Top Ten dos Estados Unidos. Era uma experiência emocionante ligar o rádio (apenas estações AM) e ouvir “Wooly Bully” (Sam ‘The Sham’ & The Pharaohs), “Dirty Water” (The Standells) ou “We Ain’t Got Nothin’ Yet” (Blues Magoos). O mercado musical jovem era efervescente e as estações de rádio, ao contrário do que acontece hoje em dia, conheciam os seus ouvintes e rapidamente capitalizaram em cima da onda.

Embora 1966 tenha sido um ano estelar, o punk de garagem estava destinado a ser destruído. E não foi apenas um único fator que o matou, mas um conjunto de fatores. Como era de se esperar, as grandes gravadoras ajudaram a ruir com a edificação do rock de garagem. Essas grandes corporações assinaram contratos com bandas que, antes, eram cruas e rústicas, mas, sob os auspícios dos magnatas da indústria, foram obrigadas a gravar baladas suaves, colocar seções de cordas em suas gravações, e, em muitos casos, eram convencidas a se retirar dos locais de gravação para que músicos de estúdio gravassem as partes instrumentais, deixando para os caras das bandas apenas o trabalho de colocar a voz sobre as bases pré-gravadas. Poucos grupos, como o American Breed, alcançavam o sucesso, mas aquela sonoridade punk já não era reproduzida da mesma forma. É bem triste saber como algumas bandas maravilhosas encerraram atividades.

Outra coisa que antecipou o fim dessas bandas foi o fenômeno da crítica musical de orientação roqueira. Jornalistas como os das revistas Crawdaddy e especialmente Rolling Stone classificavam o punk de garagem como uma praga. “Os músicos do Jefferson Airplane eram artistas sérios, mas os Electric Prunes eram uma brincadeira de mau gosto. Portanto, esses últimos jamais teriam espaço em nossas páginas”. Esse tipo de lógica fedia. Essas duas revistas foram a espinha dorsal do Movimento Hippie que estava se espalhando através de todo o país e a ascensão desse movimento deixou para trás os grupos punks que não conseguiram se adaptar à nova tendência e os grupos punks que até tentaram mudar mas soaram tão estúpidos que isso acabou ferindo sua própria causa. Todos estavam tão ávidos por conseguirem mais espaço nas paradas de sucesso que nunca passou pelas suas cabeças que eles poderiam continuar sobrevivendo através do culto que os seus seguidores promoviam. O último prego fincado no caixão do punk de garagem foi a falência das boas estações de rádio AM de rock and roll. As estações FM estavam começando a ditar as regras e o formato AM não mais se tornaria tão comum. Havia espaço suficiente para as grandes gravadoras continuarem a lançar seus sucessos, mas os pequenos selos independentes (os verdadeiros responsáveis pelo lançamento e popularização das bandas punks de garagem) foram todos à falência. Foi bom enquanto durou.

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